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Outubro Rosa é legal?

A história do Outubro Rosa começou nos Estados Unidos, em 1990, quando a Fundação Susan G. Komen for The Cure distribuiu laços cor de rosa aos participantes da primeira Corrida pela Cura, em Nova Iorque. Desde então, é realizada anualmente e se espalhou para o resto do mundo, inclusive, claro, para o Brasil. A ideia era chamar a atenção sobre o Câncer de Mama e seu diagnóstico, mas acabou respingando para os demais tumores que atingem as mulheres, como colo do útero. Nos últimos anos, foi inserida também a iluminação dos espaços públicos em rosa para chamar atenção e homenagear as "vencedoras". Vocês já devem ter visto.

Então, o Outubro Rosa é legal? Eu me pergunto se a campanha não está com o foco errado. Não seria melhor PREVENIR do que enfatizar o DIAGNÓSTICO PRECOCE? Entendo que a ideia seja a Prevenção Secundária de danos maiores, e isso tem extremo valor, pois diminui a morbimortalidade da doença. Mas não parece muito mais lógico (e econômico) conseguir intervir ANTES de aparecer o desequilíbrio, estimulando nossas defesas, evitando a ativação de alguns genes, diminuindo a intoxicação de todas as fontes cotidianas a que somos submetidos (internas e externas) e os processos inflamatórios recorrentes que podem levar ao aparecimento da doença? E essa intervenção seria, em especial, para quem? Todas nós? Quem é grupo de risco; quais as mulheres que deveriam rever seus hábitos e verdadeiramente repensar suas escolhas?

Não existe uma causa única para o câncer de mama (e pros cânceres em geral). Trata-se de um conjunto de fatores, muitos, inclusive, desconhecidos. De concreto, sabemos que questões como a idade (maior que 50 anos), a genética (5-10%), a obesidade e o sobrepeso (em especial após a menopausa), o sedentarismo (falarei melhor a seguir), o consumo de bebidas alcoólicas, os fatores relacionados à menstruação (exemplo: menarca antes dos 12a), amamentação ausente, primeira gravidez tardia, menopausa após os 55 anos, reposição hormonal por mais de 5 anos, pílulas anticoncepcionais, não ter tido filhos, estão presentes (INCA, 2016). A presença de um ou mais desses fatores aumenta o risco, mas não significa que você VAI ter a doença!!! E aí está a oportunidade de fazer a diferença!! Há fatores que podemos controlar, e outros que não, lógico. E tem o fator emocional de estar fazendo alguma coisa por si mesma; isso retroalimenta nossa força e, consequentemente, nossa imunidade! Beleza.

Ao longo dos últimos anos, trabalhos vêm demostrando que exercício aeróbio de 2 horas e meia por semana, associado à musculação ou a outro exercício resistido no mínimo 3x semana, mais ioga ou outra atividade que trabalhe a respiração e a ansiedade parecem diminuir muito o risco nas mulheres. Não é pouca coisa, mas é possível.

Imaginem que o câncer de mama é hormônio-dependente. Significa que grandes exposições por muitos anos de nossas vidas nos deixam suscetíveis. Então, equilibrando a produção de estrogênio e evitando a elevação da insulina, conseguimos diminuir a resposta inflamatória, precursora da oncogênese. Sim!

E se junto a isso ainda associarmos relaxamento, prazer, oxigenação, bem-estar físico e emocional, teremos um sinergismo de forças preventivas: atividade física + nutrição adequada + gerenciamento de estresse + felicidade.

Estima-se que se possa reduzir em 28% o risco nesta população. Mas, se pra ti for muito difícil executar a proposta sugerida pelos trabalhos, faz aquilo que conseguires!! Meia hora é melhor do que nada. Meia hora de algo que lhe dê prazer e sem culpa porque não conseguiu tudo, é ótimo! Aos poucos vai aumentando, sob supervisão de um educador físico, e o hábito vai sendo incorporado. Celebre cada dia que conseguires e experimente incrementar o desafio. Vai!

Lembrando que, caso a mulher já tenha tido o câncer, estes aspectos estão valendo também na sua recuperação, com adaptações em cada caso, conforme orientação médica.

Pensa comigo: desde quando FAZER NADA E DEIXAR A SORTE NOS LEVAR é viável, proativo, racional e saudável? Desde quando fazer mamografia anual mas ser sedentária e obesa, comendo o que não deve (e sabe), com história familiar, vai te salvar de um câncer de mama? Isso é "alimentar", acordar os fatores que estavam latentes. Reveja a lista e planeje mudanças efetivas. Isso é Prevenção do Câncer.

Bem-vinda ao Outubro Rosa em que eu acredito. É legal, sim, muito, porque nele há espaço para a gente falar no assunto e não delegar responsabilidades, agir e não esperar, fazer o teu melhor possível dentro do que é controlável, fazer a mamografia se estiveres na idade.

Pode ser em outubro também, tanto faz! E seguir orgulhosa de ti, independente do resultado, porque tu fez a tua parte possível.

Te desejo força e clareza, um grande abraço e muitos outubros lindos na tua vida. Da cor que quiseres.

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Fonte: Dra. Waleska do Vale Nunes

Médica Ginecologista - Medicina Preventiva

Entusiasta da vida. Acredita no autocuidado e autoresponsabilidade como forma de SER.

Contatos: Instagram @waleskadovale / (51) 3377-7217 – Clarté Clínica

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