Ultrapassar limites com limites
Vencer barreiras e superar limites aumenta a autoconfiança e estimula a sensação de prazer e bem-estar. Mas é preciso fazer isso com segurança.
Muitas vezes confundimos superação com exagero. É comum vermos atletas extenuados, cobertos de suor e declarando que a dor faz parte do uniforme. Em parte, isso é verdade, mas sabemos que o esporte de alto rendimento muitas vezes não é saudável. Esse é um assunto complexo que não cabe discutir aqui, mas que acaba influenciando quem faz atividade física com outros objetivos, como a prevenção de doenças e a manutenção da saúde.
Durante e após a atividade física é comum sentirmos desconfortos, mas é preciso lembrar que esses desconfortos são sinais que o corpo envia, avisando que nem tudo está perfeito.
Dor de cabeça, no peito ou abdominal, tontura, desmaio, enjoo, suor profuso, tremor, frequência cardíaca muito acelerada, falta de ar e câimbras são os mais comuns e suas causas, as mais variadas. É prudente estar atento a esses sinais, que em geral podem ser esclarecidos em uma consulta médica, mas podem eventualmente exigir maiores cuidados.
Durante a atividade física é frequente que ocorra:
Hipoglicemia – A glicose é uma das fontes de energia para o organismo. O baixo nível de açúcar no sangue causa a hipoglicemia, que pode se manifestar com tontura, moleza, desmaio, aumento exagerado da frequência cardíaca e dor de cabeça. Refeições e horários adequados podem prevenir a hipoglicemia.
Contratura muscular – A falta de relaxamento adequado, com persistência de um grau de contração aumentado, pode desencadear dores musculares. Quando os músculos afetados estão na região do pescoço, a compressão dos nervos dessa região pode causar dor de cabeça.
Alterações vasculares – Durante a atividade física ocorre uma importante mudança no fluxo sanguíneo para os músculos em atividade e para o cérebro; se essa vasodilatação permanece, pode provocar dor de cabeça.
Desidratação – Talvez seja o fator prevalente e responsável por uma variedade de sinais e sintomas que se confundem com a hipoglicemia, como tontura, moleza, desmaio, aumento exagerado da frequência cardíaca, queda da pressão arterial, câimbras e dor de cabeça. Quanto mais alta a temperatura e a umidade relativa do ar, maior a probabilidade de desidratação e, portanto, é necessário maior atenção à hidratação durante os exercícios.
Quebrar a comodidade, sair da zona de conforto é importante física e mentalmente; é exatamente isso que faz com que o organismo crie adaptações e fique melhor.
Vencer barreiras, superar limites aumenta a autoconfiança e estimula a sensação de prazer e bem-estar, o que é fundamental para uma boa qualidade de vida.
É preciso, porém, fazer isso com segurança, evitar riscos desnecessários e obter somente os benefícios.
Fonte: Paulo Zogaib, médico do esporte, no Blog Letra de Médico, da Veja.com