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Exercício regular é fundamental para pessoas com fibromialgia

Nossa entrevista exclusiva de hoje é com Laurita Ferla Castegnaro, fisioterapeuta, especialista em fisioterapia esportiva, autora do método de tratamento da Fibroclínica - especializada em fibromialgia. Ela nos esclarece sobre a importância da atividade física para pessoas com fibromialgia. Confira:

Muitas vezes, quem tem fibromialgia acaba fugindo do “movimento”. Isso é correto ou a pessoa deveria manter sua prática de atividade física? Qual o encaminhamento dado pelo fisioterapeuta neste caso?

A pessoa que tem fibromialgia, além de possuir dor generalizada, também pode sentir fadiga e rigidez muscular em intensidades variadas, sintomas que desestimulam até mesmo a movimentação normal de rotina e, mais ainda, a prática de atividade física.

Hoje sabemos que a prática de exercícios físicos regulares é fundamental para a manutenção da qualidade de vida em pessoas com fibromialgia. Porém os profissionais que acompanham o paciente, incluindo o fisioterapeuta, precisam entender que, se o paciente não estiver com o corpo preparado para vivenciar o movimento e a atividade física, ele provavelmente cairá no ciclo dor-inatividade-dor.

Desse modo, é necessário considerar que a musculatura repleta de pontos de dor, tensões e espasmos e ainda sensibilizada para qualquer exigência física, por menor que seja, não deve ser submetida ao exercício físico sem antes ser tratada de maneira adequada, sob risco de aumentar significativamente a dor e a fadiga e, consequentemente, provocar a desistência do exercício.

Quais os cuidados para a prática de atividade física para quem tem fibromialgia? Qual o benefício para este paciente em realizar a atividade com orientação do profissional de educação física?

Antes de qualquer coisa, considero fundamental que o paciente entenda os mecanismos desencadeados pela fibromialgia em seu organismo, a fim de conhecer suas limitações momentâneas, respeitá-las e ficar mais tranquilo em relação à síndrome. Para isso, será importante o acompanhamento por profissionais que realmente entendam de fibromialgia e saibam tratá-la.

O primeiro cuidado específico seria realizar consulta com médico, preferencialmente especialista em dor, que possa avaliar a necessidade do uso de medicamento para a dor como um suporte inicial.

Em segundo lugar, realizar o tratamento fisioterapêutico correto da musculatura, no sentido de promover o alívio da dor e desfazer o padrão de tensão com que o paciente está “acostumado” a conviver. Após o alívio dos sintomas e ainda dentro do tratamento fisioterapêutico, realizar a reprogramação muscular voltada para pacientes com fibromialgia, o que proporcionará uma nova vivência do movimento, agora de forma fluida e prazerosa, estimulando a percepção do seu corpo.

Com este tratamento concluído, o paciente estará apto e iniciar gradualmente a atividade física de forma regular, com a manutenção dos resultados obtidos no tratamento fisioterapêutico e, ainda mais, podendo evoluir na própria atividade física, obtendo ganhos cada vez maiores de bem-estar, energia e disposição.

Para que essa evolução ocorra de forma adequada, fará toda a diferença o acompanhamento de um educador físico que entenda o comportamento da síndrome e suas manifestações. Ou seja, um paciente fibromiálgico tratado de forma adequada e por profissionais qualificados poderá não apenas retomar a sua vida normal, mas também ter uma qualidade de vida ainda maior do que tinha antes do surgimento da síndrome.

Qual o tipo de exercício mais indicado, para quem tem fibromialgia, para diminuir a intensidade das dores e a sensação de cansaço?

Observo que os profissionais da área da saúde geralmente indicam o exercício aeróbico para os pacientes com fibromialgia, o que é excelente quando pensamos em proporcionar um melhor condicionamento cardiorrespiratório para as exigências contínuas do dia-a-dia, além de uma maior liberação de endorfinas pelo sistema nervoso central. As endorfinas são substâncias bioquímicas analgésicas, que têm a sua produção no nosso corpo potencializada com as atividades físicas. Elas ajudam a aliviar a dor, a reduzir a ansiedade e o estresse, além de melhorar a capacidade de concentração e memória.

Porém, na prática clínica, a manutenção da força muscular, a diminuição da fadiga, além da estabilização articular e postural é obtida principalmente pelo reforço muscular localizado ou pela musculação em equipamentos, que também contribuem com a maior liberação de endorfinas. Ou seja, o ideal para um resultado excelente é conciliar a atividade aeróbica com o reforço muscular. Ambos deverão iniciar de forma muito gradual.

O reforço muscular precisará ser programado de acordo com as características e respostas de cada um, necessitando, muitas vezes, ser iniciado por músculos específicos de forma mais isolada devido à fadiga, para depois evoluir para formas mais complexas (pilates, treinamento funcional) que recrutam maior número de músculos auxiliares.

Tudo dependerá das características de cada pessoa e de suas respostas individuais a fatores como fadiga localizada, fadiga geral, dor tardia e tempo de recuperação, que na musculatura do fibromiálgico poderão ocorrer de forma diferente de uma pessoa não fibromiálgica.

Mas, de uma forma geral, após a adaptação à atividade física regular, a pessoa poderá optar por iniciar ou retomar qualquer modalidade de prática esportiva, desde que mantenha seu treinamento de base para a manutenção da musculatura forte e saudável.

Temos acompanhado pacientes de ambos os sexos e de diversas faixas etárias que, após o tratamento, tornaram-se maratonistas, praticantes de artes marciais e até mesmo retomaram a prática de modalidades que requerem muita percepção corporal e resistência muscular como a pilotagem de avião acrobático.

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