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Como o exercício ajuda o tratamento do câncer em si

Resistir aos solavancos do tratamento do câncer é primordial para finalizá-lo. E aqui a malhação ofereceria vantagens. “Embora faltem pesquisas, o bom senso sugere que, se essa prática atenua reações adversas, ajudaria a pessoa a aguentar a estratégia desenhada pelo médico“, reflete Del Giglio.

Um indício de que o argumento bate com a realidade vem de um trabalho da Universidade de Alberta, no Canadá. Divulgado em 2007, ele reuniu 242 mulheres com câncer de mama submetidas à quimio. Resultado: 78% das que foram orientadas a fazer musculação seguiram o plano original do doutor sem grandes intercorrências, ante 66% das que ficaram paradas.

Tais dados justificariam a menor taxa de mortalidade associada aos enfermos que suam a camisa após o diagnóstico. Em um levantamento de 2015 publicado no British Journal of Sports Medicine, os mais ativos apresentavam um risco 22% menor de morrer por causa do tumor.

Só considere que, talvez, dados como esse decorram do fato de que os sujeitos com cânceres mais agressivos se mexem menos – não seria o esporte que afasta a doença, e sim o contrário. “De qualquer forma, também existe a teoria de que os exercícios gastam parte da energia que abasteceria o tumor”, explica Sandro Fernandes da Silva, educador físico da Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais. Fora isso, em experiências no laboratório, o esforço físico estimula o suicídio de células cancerosas e faz o sistema imune reconhecê-las melhor.

A atividade física ainda rechaça transtornos que abreviam a longevidade do pessoal que venceu o câncer. Exemplo: vários dos fármacos empregados lesam o coração. “Quem recebeu quimioterapia na infância às vezes desenvolve insuficiência cardíaca já aos 30 ou 40 anos”, revela Rosa Neto. “Mas o treinamento parece remodelar o órgão e manter seu funcionamento”, completa.

Na Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, pesquisadores recrutaram 100 voluntárias que haviam se tratado recentemente contra o câncer nos seios e colocaram metade para realizar exercícios. Depois de quatro meses, eles perceberam que a turma do agito exibiu quedas em colesterol, pressão e outros marcadores da síndrome metabólica. “Sobreviventes do tumor de mama com essa condição têm maiores índices de mortalidade. Logo, erradicá-la aumentaria a sobrevida”, diz a fisiologista Christina Dieli-Conwright, autora da investigação.

A dificuldade é sair do sedentarismo em um momento tão complicado – até porque o câncer impõe restrições. “No nosso trabalho, um grande desafio foi a falta de confiança das mulheres em movimentar os braços”, recorda-se Christina. Ora, não raro a cirurgia contra o tumor de mama abala as estruturas dos membros superiores.

Roberta, que passou por quatro operações antes de ver sua doença sumir dos radares, é prova disso: “Meu alongamento foi para as cucuias. Aí eu comecei a fazer pilates e ioga, que me ajudaram a recuperar a flexibilidade”. Claro que cada caso demanda cuidados específicos, que exigem supervisão. “Mas todos, ao se exercitarem, deixam de viver só em função do tratamento”, dá o recado. Tem virtude melhor do que essa?

Os exercícios físicos na prática

“As recomendações para pacientes com câncer estão sendo revistas”, adianta o pesquisador Daniel Galvão. Hoje, as diretrizes gerais se assemelham às voltadas ao restante da população – ou seja, pedem para incluir modalidades aeróbicas, musculação e alongamentos por ao menos 150 minutos na semana.

No entanto, há particularidades de acordo com o tipo de tumor, o estágio da doença e as características da pessoa. “Durante o tratamento, devemos focar na segurança, cobrar supervisão e reforçar que não é a hora de apertar o passo”, ressalta o oncologista Antonio Carlos Buzaid, da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.

Veja, a seguir, táticas para se manter ativo em meio à luta contra o câncer:

O calendário: veja como se sente após uma sessão do tratamento e se exercite nos dias em que os sintomas abrandarem.

A expectativa: concentre-se mais nos benefícios da atividade contra o tumor e menos – bem menos – no desempenho.

Os cuidados: se a doença se espalha para o fêmur, por exemplo, é bom não sobrecarregar a perna. Respeite as limitações impostas pelo médico.

A supervisão: o ideal é programar os treinos junto a educadores físicos e outros profissionais com experiência em oncologia.

Fonte: Revista Saúde

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