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Mindfulness e o treino do cérebro para o bem-estar

Baseado em técnicas milenares de meditação, o mindfulness treina o cérebro para ampliar a concentração, reduzir o estresse e pode ser praticado em qualquer lugar

Quantas vezes você se distraiu e parou de ler esta revista desde o momento em que começou a virar suas primeiras páginas? E quantas outras deixou de saborear uma deliciosa refeição, resolvendo questões que pareciam urgentes pelo celular?

Na era do excesso de informação, de estímulos diversos e da rotina multitarefas, são poucos os que ainda conseguem manter o foco no “aqui e agora”. Mas um programa de meditação, o mindfulness (ou mente cheia e atenção plena, em tradução livre), tem despontado como um aliado para quem quer driblar essa questão contemporânea e vem ganhando cada vez mais seguidores.

De atletas que desejam melhorar o desempenho a empresários interessados em reduzir o estresse, seus adeptos têm em comum a busca por qualidade de vida por meio do controle da respiração e do fluxo de pensamento.

Mas, ainda que tenha desembarcado com força no Brasil nos últimos dois anos, a técnica não é nova. Ela foi desenvolvida em 1979 pelo biólogo norte-americano Jon Kabat-Zinn, a partir de uma combinação de fundamentos milenares da meditação.

Pesquisador no renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Kabat-Zinn criou um programa de oito semanas batizado Redução do Estresse Baseada em Mindfulness (MBSR) - daí o nome -, no qual os pacientes treinavam práticas de meditação uma vez por semana, por cerca de duas horas.

Em paralelo, também realizavam exercícios de concentração no dia a dia com a intenção de vivenciar o presente plenamente, monitorando a tendência a criar expectativas e projeções em relação ao futuro.

Após dois meses, os participantes que sofriam de dores crônicas, por exemplo, relataram ter percebido uma melhora significativa. Outros disseram ter se livrado da insônia e do estresse e encaravam o cotidiano com mais prazer. Sentiam-se, enfim, mais leves.

Junto a esses relatos foram realizados testes clínicos. Os exames de sangue mostraram, entre outros, a diminuição do cortisol, hormônio que aumenta quando a pessoa está estressada, causando inflamações e acúmulo de gordura na região da barriga.

Já no cérebro, a técnica atuou fortalecendo uma região no córtex pré-frontal ligada ao controle de pensamentos e raciocínios; enquanto a atividade do hipotálamo, que ativa o estresse, diminuiu.

A partir desses resultados, Kabat-Zinn pôde mensurar os benefícios de seu programa cientificamente. Em resumo, o mindfulness é como um personal trainer do cérebro.

“O mindfulness é um estado de consciência plena, que alcançamos com técnicas como controle da respiração e percepção dos estímulos corporais”, define a psicóloga Erika Leonardo de Souza, coordenadora do Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Ele nos leva a prestar atenção ao corpo e ao fluxo de pensamentos.”

Segundo Erika, os pesquisadores costumam aplicar o mindfulness em atletas, pacientes com depressão ou esquizofrenia. “Os atletas passam a ter um melhor desempenho”, diz. “Nos outros casos, a prática ajuda a evitar recaídas e até mesmo a reduzir o uso de remédios tarja preta.”

No cotidiano de pessoas saudáveis, a técnica torna a mente mais eficaz e focada no presente. “O cérebro cria situações falsas, e o organismo reage a elas como se fossem reais”, afirma a psicóloga. “Isso faz com que estejamos sempre num modo reativo e não ativo.”

Mas para sentir os primeiros benefícios é necessário ser paciente, pois o corpo precisa de tempo para incorporar os novos hábitos. Os primeiros efeitos chegam, em média, após dois meses de sessões semanais de duas horas. “No dia a dia, podemos aplicar o mindfulness durante uma caminhada, atentos aos movimentos e à respiração, ou até correndo. O importante é a mente estar concentrada na atividade física”, diz.

Há mais de uma década trabalhando com a técnica, o life trainer Thiago Arruda, que tem como alunos César Cielo, Fernanda Barbosa e Ana Paula Junqueira, viu a procura por suas aulas crescer nos últimos dois anos.

Com uma agenda cheia, ele destaca que o mindfulness não tem nada a ver com religião, mas, sim, com a busca pela expansão do autoconhecimento. “É uma forma de ampliar aquilo que se tem de melhor e gerenciar os pontos a serem aperfeiçoados”, afirma ele.

Diferentemente da meditação tradicional, que pode incluir um ritual com mantras, música e posições específicas, o mindfulness é praticado em qualquer lugar. “Pode ser num escritório, se o aluno for um executivo, ou dentro de uma piscina, se o desejo for se sair melhor numa competição. O que vale é o treino constante”, diz Thiago.

Fonte: Portal Vogue Brasil

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